segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Bebês são pequenos gênios, você sabia?


Com a ciência - através das pesquisas científicas - e a tecnologia avançando cada vez mais, descobre-se informações incríveis sobre a capacidade dos bebês e crianças pequenas de uma maneira em geral. Não, eles não são bobos e não ficam repetindo como um papagaio como costumamos dizer. O que fazem na verdade com a repetição é experimentar os fatos e fenômenos, além das sensações, a fim de descobrir (aprender) novas informações e dados, superar o que aprendeu e ter controle sobre eles.


Ou seja, além de adoráveis criaturas inocentes e motivo de esperança para o mundo, são geniozinhos natos que muitas vezes os cuidadores impacientes, intolerantes, frios, descuidados, apáticos e até perversos -infelizmente - destroem este potencial por descuido, descaso e ignorância. 


De que tipo de inteligência estamos falando?
Há muitas pesquisas já produzidas, outras recentemente lançadas e naturalmente devem haver outras sendo planejadas, no sentido de investigar mais a fundo as capacidades neurológicas , cognitivas, psicológicas, comportamentais e cerebrais (como um todo) dos bebês.

As últimas pesquisas feitas por psicólogos, neurocientistas, e até estatísticos, dentre outros cientistas de diversas áreas, os surpreenderam pelas novas perspectivas acerca dos complexos e fascinantes modos pelos quais os bebês e crianças pequenas aprendem e interagem com o mundo que os cerca. 



Estas lindas criaturas se entediam com ações previsíveis e adoram descobertas novas diariamente (trocando em miúdos, odeiam mesmice). Perceberam que eles utilizam uma lógica própria para compreender como as coisas funcionam e quais respostas determinadas situações produzem através das análises que fizeram sobre aquele "processo" específico. Foram "projetados" para entender, descobrir e aprender.



Em outras palavras, reconhecem ação e reação, bem como que tipo de ações executar a fim de conseguir tal e tal resultado. Genial, não?  Longe inclusive do que preconizava o velho e bom mestre Piaget. Eles não são superficiais de maneira alguma, mentalizam e observam atentamente cada função de um objeto, as ações dos fenômenos e até nossas reações diante das ocorrências cotidianas, depois elaboram "análises" sobre tudo isso.

Somos nós que devemos aprender com eles então?
Rsrs...Pois é. Até a versão tradicionalista de afirmar que os bebês são puramente egocêntricos, está sendo refutada a partir das últimas descobertas (dos últimos 20 anos). Eles entendem boa parte das nossas necessidades - têm empatia - e descobriu-se que o cérebro dos bebês são mais flexíveis que o nosso cérebro de adulto e que as conexões entre seus neurônios são em maior quantidade. O aprendizado do mundo que os permeia se dá através das suas próprias experimentações. 

Você viu o filme "O Começo da Vida"?

Neste filme, a diretora Estella Renner mostra de maneira encantadora, baseando-se na experiência de muitos pais , as novas descobertas dos especialistas , da neurociência, da psicologia, etc, sobre as fantásticas novidades a respeito dos bebês e crianças pequenas. À luz destas impressionantes revelações, aponta a extrema importância da dedicação com os pequenos desde a gestação até os 1ºs anos; como isto é indispensável para o bem-estar físico, intelectual e emocional deles e como esse universo repercutirá na idade adulta.



O que podemos fazer para preparar um ambiente adequado?
Inúmeras opções são possíveis de organizar no ambiente da criança visando uma transformação de uma simples rotina em casa num ambiente educativo ou, pelo menos, criativo e estimulante. Mas dá sim, para providenciar um espaço adequado e um cotidiano enriquecedor. Lembre-se dos brinquedos educativos, livros educativos, tevê com tempo reduzido (escolhendo bem o que oferece), de contar histórias, cantar músicas, mostrar-lhes todos os pormenores da casa, brincar com eles, levá-los para passear e lidar com as novidades que surgirem.














Mas, se puder, tente criar um ambiente montessoriano
Estantes na altura das crianças com os objetos de seu uso do dia-a-dia à sua disposição, apoio (banquinhos) para ficar na altura de móveis maiores (ou das pias), brinquedos dispostos com ordem, brinquedos sensoriais, matemáticos, alfabéticos, jogos de memória, globos, sistema solar, cores e etiquetas específicas na organização dos materiais, etc. Enfim, todo um aparato não muito complexo para oferecer uma dose maior de estímulos à disposição deles.E tudo sempre em ordem, nada de caos.

Por que é bom o ambiente montessoriano?

Maria Montessori foi uma médica italiana que deixou um legado educacional indiscutível e excepcional para pais, educadores e crianças. Uma de suas contribuições se refere à preparação do ambiente, a ordem deste e como deve ser a interação da criança com este ambiente. 
Ela observou que as crianças com oportunidades de escolher as atividades que quer fazer e de praticar livremente (a auto-educação), mas dentro de um espaço com planejamento de acordo com seu desenvolvimento - atividades de natureza cultural, artística, científica, livros, etc -. Desse jeito a apoiamos na experiência de crescer e se desenvolver, porque ela quer absorver seu ambiente.                               

                                       
Além da casa preparada, o que mais posso fazer?
Além de agilizar um pouco algumas coisas (possíveis) em casa, os pais e cuidadores podem oferecer à criança oportunidades e experiências sensoriais e práticas muito úteis na formação do desenvolvimento delas. Não precisa ser por "obrigação", nem precisa ser todo final de semana, mas sempre que puder e quiser incrementar o roteiro de vocês.

Veja as dicas a seguir:

01- Visite o zoológico → Mas sempre nomeie os animais, imite seu som e comente algumas coisas sobre ele - tem 4 patas, é vertebrado, olha as listras! etc.

02- Visite museus → Além de apenas apreciarem as obras, comente algo sobre algumas : - Olha quanta cor!; - Esse material é duro (caso de esculturas);- O que será isso? etc.

03- Visite exposições → Sempre há alguma exposição na cidade, procure uma interessante e leve-a, por exemplo: os modelos de aviões de Santos Dumont; Modelos de Leonardo da Vinci; De dinossauros! etc.

04- Vá ao teatro → Quando der, encontre uma boa peça infantil e leve seu filho (a). Escolha a idade adequada e boa diversão. Obs: dependendo da idade, as peças não podem ter longa duração.

05- Vá ao parque → O parque é uma experiência prática e sensorial riquíssima. Ao menos três vezes ao ano tente levar a criança. Claro que levando-a aos brinquedos adequados à sua idade e não necessariamente  os que são pagos.

06- Vá à praia → Não precisa nem dizer o quanto a praia é sensorial, não é? Areia, água, pedrinhas, sol, vento, talvez até pequenos bichinhos para ver... Aproveitem, levem brinquedos e sempre tomando todas as precauções e cuidados.

07- Vá à casa de parentes e amigos → mas não os deixe à toa o tempo todo, interaja com elas e outras crianças sempre que puder, promova brincadeiras e jogos. Até um simples balão de soprar faz a diferença.

  


Veja mais em: https://www.youtube.com/watch?v=1Kxffmj78Os ; https://www.youtube.com/watch?v=nWbcLVzmj7E ;

domingo, 17 de dezembro de 2017

Dicas de Vídeos de Animação Incríveis Para os Pequenos

Hoje é uma postagem atípica. As férias chegaram, há muito tempo livre para preencher com coisas legais. Seguem vídeos de animação (muito curtos) que além de muito divertidos têm temáticas sócio-educativas que tratam de inclusão, diversidade, solidariedade, amizade, respeito, esperança, força de vontade, etc. Boa diversão!

1- FOR THE BIRDS
  Gracioso, extremamente bem feito e impregnando de valores que precisamos incutir nas crianças       desde cedo, esta animação da produtora Pixar, aproveita a história de um grupo de passarinhos           para mostrar que para vivermos juntos, precisamos de instrumentos humanos como tolerância,           aceitação da diversidade, capacidade de conviver em  equipe, compreensão, mesmo que                   precisemos preservar nossa individualidade, os valores da convivência respeitosa e da empatia são     indispensáveis à vida.



2-PARTLY CLOUD (Festa nas nuvens)
Animação surpreendente com personagens bastante diferentes. Uma nuvem e uma cegonha são companheiros de trabalho incubidos da m issão dos cuidados com os recém nascidos bebês animais. Só que a dupla enfrenta dificuldades, pois os "seus filhotes" são muito peculiares: bravos, difíceis violentos. No entanto, os dois terão que lidar com o problema juntos. Lição sobre os tropeços nas relações e a superação.


3- KIWI O PASSARINHO QUE NÃO PODIA VOAR
Kiwi é um pássaro, mas não voa. E faz inúmeras tentativas para conseguir voar. Esperto e inquieto tem uma ideia para simular seu grande sonho. Quem somos nós para julgar os sonhos alheios não é? pelo menos não deveríamos. Uma historinha curta e que diz muito sobre enfrentar as dificuldades, se superar, não ficar se lamentando, ir para frente, com a linguagem encantadora dos curtas de animação. Além de apontar para a perspectiva de não julgarmos pelas aparências.


4- A PONTE (BRIDGE)
Nem sempre a vida é linear e sai tudo redondinho, certinho como seria o ideal, o sonho de todos nós. Às vezes somos surpreendidos por obstáculos, dificuldades - grandes ou pequenas - transbordamento ou descontrole das emoções, e surpresas de todo tipo. E nem sempre reagimos bem a tudo isso, podemos ainda piorar as coisas. É o que acontece com um simples fato na vida destes quatro animais que precisam atravessar uma ponte e enquanto alguns não lidam bem com isso, outros reagem com  mais ponderação.

 5- LA LUNA (A LUA)
Encantador, singelo, imperdível. A animação traz embutida lindas mensagens e tanto as crianças como os adultos deveriam assistir. A história gira em torno de um garoto que vai auxiliar seu pai e o avô no trabalho.Além de descobrir o incrível trabalho que eles fazem, depara-se com a descoberta das pequenas desavenças e diferenças familiares, que no entanto não o fazem esmorecer diante dos imprevistos. Encontrando seu próprio modo de agir e ponto de vista sobre uma determinada situação, o pequeno além de aprender e crescer, ilumina a rotina de convivência entre seus mentores e todos saem lucrando com o aprendizado intra-familiar e o compartilhamento de diferenças que podem ser conciliáveis.
   
6- GERI`S GAME (O JOGO DE GERI)
Criativo, diferente, inteligente. Este curta de animação da Pixar, realmente surpreende. Nele, um velhinho joga xadrez num parque e curiosamente, joga consigo mesmo, como se fossem dois Geris jogando, o Geri astuto, ambicioso e provocador e o Geri engenhoso e tolerante. No entanto, a disputa vai ficando cada vez mais acirrada até que provoca uma reação imprevisível no Geri "bonzinho".  Quando tudo parece perdido, ele , além de se recuperar, vira o jogo de maneira inacreditável superando, no caso, a si mesmo.


7- Piper
Piper já foi apresentado no BLOG em um artigo só com ele como atração. A impecável animação, além de linda, mostra a história de um uma ave que instigada por sua mãe, precisa dar os primeiros em direção a auto-suficiência e aprender a se alimentar. Só que não é fácil para ele , pois morre de medo da água e é justamente nela que precisa encontrar o alimento. Piper vai lidar com seu medo, sua dependência e gradualmente enfrentar os percalços da aventura que se chama crescer, sempre auxiliado por amigos e sua mãe que o incentivam nesse contínuo aprendizado que é viver. Imperdível!



8- O PRESENTE                                                                                                                Além, de ter se baseado na obra de um brasileiro  (Fábio Coala) e ter ganho cerca de 50 prêmios, este curta é emocionante. Mostra a animação um garoto como tantos outros, aficcionado a vídeos-games que não pára de jogar, mesmo quando  mãe chega em casa lhe entrega uma caixa e lhe diz que tem um presente nela.Quando resolve abrir é surpreendido por um filhote de cachorro só com três patas, que no entanto, é alegre e não pára um minuto de brincar e tentar chamar a atenção do menino que à princípio não lhe dá chance. Mas, pouco a pouco a empatia vai surgindo e...o final é uma lição de vida, veja!  
                            










terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Abandono e Maus - tratos a Crianças - Onde está a Solidariedade?

O abuso infantil existe em todo o planeta em números enormes de casos - muitas vezes em diversos lugares, sempre crescentes. No Brasil também as estatísticas são horríveis. Os vídeos apresentados neste artigo são fortes e não sentimos a menor vontade de compartilhar. 

Vamos refletir um pouco sobre algo muito impactante e ainda demasiadamente triste: o abandono, abusos e maus-tratos praticados contra as crianças.O descaso com as crianças no mundo tem sido cada vez mais gritante e o Brasil não fica de fora dessa estatística absurda




Se partirmos do princípio de que o futuro pertence às gerações mais novas (de hoje), que tipo de futuro estamos projetando? e nãos estamos falando de um futuro longíquo, distante demais para nem levarmos em conta já que nem estaremos nele. Estamos falando de um breve futuro. Hoje destruímos nossa sociedade gradativamente com todo tipo de destruição que possamos imaginar (ecológica, social, econômica, emocional, etc) e também não cooperamos muito no que diz respeito ao que fazemos com as crianças.

          


O que posso fazer por crianças abandonadas?                                                                         
Sem entrar aqui no âmbito da situação de pobreza que agrava ainda mais o quadro da estigmatização da infância, falemos dos menores em situação de risco pelas ruas. Abandonados à própria sorte por seus pais em boa parte dos casos, marginalizando-se cotidianamente sem nenhum ou quase nenhum respaldo de autoridades com alguma atenuante do quadro. 

Dezenas de especialistas debruçam-se sobre o tema a fim de tentar aplacar a gravidade das repercussões sobre as próprias crianças e a sociedade. É preciso pensar em medidas que, se não puderem sanar o problema, que dêem às crianças oportunidades de ressocialização e inserção na vida cotidiana de maneira digna. Sem que precisemos sempre - às pressas - fechar as janelas do carro.

                            

E o estatuto da Criança e do adolescente, onde fica?

Infelizmente, o Estatuto da Criança e do Adolescente  (ECAnão tem conseguido a eficácia pretendida tendo em vista a finalidade de sua criação. Muito poucas ações efetivas em meio a imensa gama de problemas existentes em relação à criança e ao adolescente tem sido conseguidas. 

As Varas de Infância e Juventude estão lotadas de casos e junte-se a isso a morosidade da Justiça que agrava  mais a situação. Some-se a isso a intolerância da sociedade que, apavorada com o quadro de violência no país, alguns praticados por menores, não quer fazer parte dessa discussão, como se dissesse : "não é problema meu".

                                  

O que eu posso fazer para tentar ajudar de alguma maneira? 

Realmente, é muito difícil tomarmos atitudes práticas e eficientes, em curto prazo, que resolvam ma demanda tão carregada de sofrimento e repercussões. No entanto, podemos praticar gestos pelo menos "empáticos" em relação a um contexto tão ruim. Um deles é preparar as crianças , as "nossas crianças", para o aprendizado da solidariedade. De alguma maneira encontrar uma forma de ensiná-las a serem solidárias com a dor do outro.    
                                                                                                                
Talvez participar de campanhas de doações, ou comprar produtos que ajudem alguma instituição de amparo na sua cidade (em pontos reais, como uma padaria, livraria, mercadinho, etc Descubra um jeito seu e de sua família para ser legal com os menos favorecidos e diga, por exemplo, às crianças: "Olha, você tem tantos brinquedos incríveis, este ano no natal vamos separar alguns para doar em tal posto de coleta tal, para as crianças de tal lugar, etc". 
Ou você os ajuda a fazer um "cofrinho do dia das crianças" e vão comprar brinquedos novos para o filho do zelador, o filho da faxineira, etc. E nada de doar os quebrados e defeituosos! Neste estado não servem para nenhuma criança.                  

E que tal um aniversário de seu filho com o tema solidariedade? Não se assuste, há muitas mães, inclusive as famosas "celeridades", fazendo festinha de aniversário na qual o presente do aniversariante é a doação de uma lata de leite em pó por exemplo ... Nossos filhos sempre têm "tudo" não é mesmo?

Como se não fosse suficiente os maus-tratos, ainda há o "abandono afetivo

Embora não se possa obrigar ninguém, mesmo dentro de um ambiente familiar, a ter pelo outro qualquer tipo de afetividade, entretanto espera-se que o cuidador de uma criança seja afetuoso com ela. Seria o ideal, mas infelizmente muitas vezes, mais do que pesamos, não funciona assim. Mas, segundo a lei, ao menos obriga-se que este protetor (o cuidador) haja de uma forma que se mantenha a saúde física e psíquica desta criança. 

Ainda assim, em várias ações judiciais que correm nas varas de família pelo mundo e no Brasil também, muitos filhos começam a exigir na justiça que seus pais omissos afetivamente, lhes paguem indenizações por "abandono afetivo". O assunto é controverso e muitas polêmicas têm suscitado. No espaço público, essa questão do abandono afetivo é ainda mais grave.

                                 

Você conhece o Conselho Tutelar? Disque 100

O Conselho Tutelar é um órgão público ligado às prefeituras das cidades brasileiras.  Sua função é cuidar dos direitos das crianças e dos adolescentes, assegurando sempre o seu cumprimento. Cada município no Brasil deveria ter um Conselho Tutelar, tenta-se que essa meta seja cumprida. Ele é um órgão fixo, ou seja, não pode ser eliminado de maneira alguma. Como este órgão não é conexo ao Poder Judiciário, possui autonomia, quer dizer que pode tomar decisões sozinho.
Conselho Tutelar é composto de um total de ao menos cinco pessoas, destas, três devem ser eleitas pelos próprios cidadãos. Eles cuidam essencialmente da salvaguarda dos direitos básicos negados às crianças e adolescentes, além de ajudar na orientação dos familiares nos problemas e questões difíceis.


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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Racismo na Infância - Vamos falar sobre isso?

É verdade que existe o Racismo Infantil ?

                                                           
Infelizmente, podemos considerar oportuno o fato que aconteceu com o ator de televisão que viu sua filha adotiva sofrer racismo e preconceito através das redes sociais recentemente. Por dois motivos: por estarmos finalizando o mês de novembro, que no Brasil é "dedicado"  à  "Consciência Negra", como já falamos aqui, e porque precisamos falar sobre racismo sempre, para reforçar a conscientização em torno de um "estigma" característico da pior essência de nossa humanidade, que continuamos praticando e muitas vezes fingimos que não existe. 


Primeiro vamos nos solidarizar com o casal de atores em nome de todos os pais e mães que sofrem com tal infeliz moléstia humana. Sentimos muito e esperamos que a justiça atinja em cheio aqueles que continuam a propagar esse horror.

E vamos tentar entender sobre como podemos mandar mensagens racistas às nossas crianças sem percebermos e  conhecer algumas maneiras de acabar com esse comportamento que desde cedo se infiltra em nosso dia-a-dia de maneiras sutis e corrosivas.



Estou ensinando racismo aos meus filhos?

A maneira mais óbvia de, sem percebermos", ensinarmos nossos filhos a terem atitudes racistas é simplesmente deixarmos de falar sobre isso, como se esse fato não existisse. Sim, existe e é preciso falar a respeito. É triste constatar essa realidade, mas os cenas de racismo, preconceito e discriminação ocorrem todos os dias, de variadas maneiras em diferentes lugares. 
Pode se apresentar claramente ou escondida em pequenos gestos, tanto no ambiente familiar, quanto na escola, ou em qualquer outra interação social. Há centenas de casos vividos onde a discriminação veio à tona.
E isso pode impactar dolorosamente a vida das crianças. Ao serem expostos a situações degradantes de escárnio, vexame, humilhação, zombaria, as crianças podem apresentar sequelas. Dentre elas, podem acontecer:

1-Sentimento de desvalorização;
2- Rejeição da própria imagem;
3- Inibição excessiva;
4- Dificuldade para confiar em si mesma.



O processo dolorido e sofrido do Racismo                                                                          
Já há muito sofrimento e dor quando a discriminação e a intolerância acontece em vítimas adultas, pense no estrago que deve fazer quando a vítima é uma criança ainda em processo de formação. Psicólogos nos alertam sobre o quanto é ruim termos nossa autoestima abalada no processo de crescimento ao sofrermos um episódio  discriminatório ou intolerante.Quando, por exemplo, uma criança acima do peso considerado ideal é chamada de "baleia" ou aquela que tem um ritmo mais lento de aprendizado é chamado de "burro ou lerdo". Uma criança pequena que está se descobrindo no meio de outras (deixou de se ver unida à mamãe) , portanto, precisa ser aceita em todos os aspectos de sua identidade e não ser rudemente atacada por causa da cor de sua pele ou as características de seu cabelo. Podemos ser cruéis de muitas formas.

                                   


Escola e família devem ser os primeiros a combater o racismo

À medida que as oportunidades vão surgindo, é importante conversar sobre o tema do preconceito desde cedo. A escola deve ligar o "sinal de alerta" assim que ocorrer alguma prática racista em suas dependências, conversando com os pequenos, promovendo atividades de combate ao racismo, estimulando ações que possam desconstruir as ideias preconceituosas (críticas ao cabelo do colega, apelidos ofensivos, denegrir a imagem, etc) 



Em casa não é diferente, qualquer momento pode ser o ideal para explicar que o colega não é inferior por ter uma cor ou cabelo diferentes. Reafirmar nossa humanidade como presente em cada um de nós é um ensinamento essencial para as crianças absorverem. 

Aproveite as chances para:

1- Apresentar bonecos de cores e feições desiguais;

2- Oferecer livros de histórias com crianças negras;

3- Selecionar programas educativos que mostrem a diferença,
    promovam e reforcem a igualdade;

4- Promover as brincadeiras e jogos entre crianças de raça  e etnias diferentes.

Unicef - Por uma Infância sem Racismo


O Fundo das Nações Unidas para a Infância - Unicef, lançou em 2013 a campanha "Por uma Infância sem Racismo" , na tentativa de promover ações de todas as instância - pública e privada -  de combate ao racismo institucionalizado e enraizado nas entranhas da sociedade.


 A intenção foi fazer um chamado à população sobre as consequências nocivas da discriminação sofridas por crianças e adolescentes, promovendo uma mobilização social efetiva para a reflexão e a tomada de decisão por ações de combate ao racismo - por pessoas, pelas organizações e pelo governo - numa ampla rede solidária que vise assegurar o respeito e a igualdade étnico-racial desde a infância. A campanha de quatro anos atrás vale até hoje.






                                                                 
Que atitudes podemos tomar desde já contra o racismo?                                              

Somos quase sempre o modelo de referência que nossos filhos têm para copiar e muito do que passamos ocorre de forma subliminar, nós nem notamos que estamos fazendo (temos muito preconceito introjetado), por isso a atenção tem que ser redobrada. Mas, dentre várias atitudes que nós podemos tomar para desde cedo combater o racismo na sociedade estão:

1- Seja coerente: não adianta dizer que não tem preconceitos se der risadas de piadas racistas;

2- Não adianta ter amigos negros se, ao der as costas a ele, dizer palavras ou ideias ofensivas: seja autêntico;

3- Se for convidar coleguinhas das crianças, chame todos igualmente: não seja "seletivo";

4- Não será um bom exemplo se você disser que o preconceito é feio e fechar às pressas a janela do carro nas sinaleiras: seja honesto;

5-  Se num momento de tensão dizer coisas inapropriadas, corrija-se e diga que errou: seja sincero;

6- Se fizer comentários depreciativos sobre tipos de cabelo o jeito de vestir, será difícil dizer que não é certo ser preconceituoso: seja auto-reflexivo, pondere o que diz;

7- Em contatos familiares, defenda seu ponto de vista anti-racista, não fique em cima do muro, seja claro;

8- Sempre que a oportunidade da exposição de questões de racismo, intolerância ou preconceito surgirem , tente colocar nos assuntos urgentes para conversar com as crianças: seja responsivo;

9- Incentive e valorize sempre o tratamento respeitoso e sem preconceito quando se referir à diversidade étnico-racial.



Livro: "Filhos - Novas ideias sobre Educação"                                                                

Neste livro, os autores Po Bronson e Ashley Merryman, apontam algumas ideias sobre os perigos e artimanhas do racismo ainda presentes na vida social. Os autores sustentam a importância de apontar as diferenças sim, mas no sentido de explicar a diversidade, só que valorizando cada aspecto dela, as diferentes culturas e suas riquezas, os aspectos físicos desiguais, mas que em nada podem alterar a conquista e o exercício dos direitos por todos.  Como no âmbito do trabalho por exemplo, afirmando que negros e brancos podem ser médicos igualmente.   
Algumas de suas pesquisas mostraram que dificilmente as crianças se tornam amigas de crianças com outra "cor" , ou sobre as dificuldades - depois dos oito anos de idade - de desfazer comportamentos preconceituosos.

                                  
                                                            

Guilhermina e Candelário                                                                                               

"Em outro de 2015, a TV Brasil passou a exibir o desenho animado infantil "Guilhermina e Candelário". Nele, os irmãos Guilhermina e Candelário, compõem uma família negra, muito parecida com milhões de famílias brasileiras, atualmente pouco representadas nos meios de comunicação. A série infantil tem a maioria dos seus personagens negros e surge para preencher uma lacuna e  valorizar a história e cultura negra. É um dos primeiros desenhos do gênero com protagonistas negros a ser exibido na tv aberta brasileira. As crianças vivem às margens de uma praia na casa dos avós, passam o dia brincando, fazendo descobertas e inventando coisas." Essa produção é uma parceria Senal Colômbia e da Fosfenos Media e traz 20 episódios de 12 minutos cada.
                        
                               

A Discriminação é uma violação de Direitos - denuncie!
 Não deixe de denunciar. Em todos os casos de discriminação, você deve buscar defesa no conselho tutelar, nas ouvidorias dos serviços públicos, na OAB e nas delegacias de proteção à infância e adolescência. A discriminação é uma violação de direitos. 
             O aprendizado e a desconstrução de estereótipos é um trabalho árduo que precisa ser feito todos os dias, de maneira transparente, suscitando a empatia  por nossos semelhantes num mundo onde compartilhamos o mesmo espaço.


sábado, 25 de novembro de 2017

Peppa Pig: Será mesmo prejudicial para as crianças?

                               

Ouvimos dizer por aí às vezes que tal ou tal música, filme, novela, personagem ou desenho animado está "fazendo mal" para as crianças. Este é o caso do boato nas redes sociais sobre o desenho animado infantil "Peppa Pig" que circulou recentemente por aí.Vamos, "por partes", analisar um pouco tais considerações, porque precisamos ter espírito crítico para avaliar as coisas que nos cercam. E se não temos, precisamos desenvolver isso, a capacidade de observar, entender, pensar e refletir sobre as situações e fatos que nos cercam, de uma maneira mais séria, mais aprofundada, levantando prós e contras, avaliando criteriosamente,  principalmente quando somos educadores (pai, mãe, avós, etc), enfim, nós que cuidamos das crianças.
                                               
                                                                               
"Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém!"

Não há uma precisão sobre o início da "notícia" sobre o "malefício" do desenho, mas, ao pesquisar na internet encontra-se pelo menos duas ou três informações mais sérias sobre o assunto. O rumor virtual pode ter surgido num site espanhol ou no artigo de uma colunista norte-americana, etc. Chegaram ao cúmulo de divulgar que "causaria autismo" nos pequenos". Como? Não se "contrai "autismo, se  nasce com ele. Outro mexerico diz que assistir o desenho provocaria distúrbios comportamentais.Uau! gerações passaram a infância assistindo os desenhos mais bizarros e anti-éticos e "sobreviveram" a eles. Se me autorizassem, citaria aqui centenas de nomes, mas só posso confirmar o meu: Escapei às influências (veja aqui) do cinismo de Pica-Pau; das artimanhas ardilosas de Pernalonga; da agressividade de Popeye; das traquinagens impiedosas de Piu-Piu; da frieza de Papa-Léguas, o machismo de Mickey, a ganância de Tio Patinhas, dentre outros.

                                             
O que falaram nas redes sociais sobre "Peppa Pig"

Algumas das ideias esplhadas sobre o desenho: dizem que a porquinha é voluntariosa, só faz o que quer, os pais dizem amém, ela destrata o irmãozinho, ela "governa" os pais, a mãe é uma tonta e outras tolices afins em sites, blogs e redes sociais. No decorrer do artigo podemos ver abordagens controversas, no entanto, as mais sérias, aprovam a Peppa Pig e encontraram elementos positivos para a socialização da educando pré-escolar. Este estudo aprofundado ("O Desenho Animado Peppa Pig: Relações e Agrupamentos") foi apresentado por três acadêmicos - Marília Pereira Dutra,Ana Layse Viana da Costa e José Alan martins de Freitas - num congresso de educação, sob a orientação da pesquisadora Lilian Kelly de Souza Galvão (da Universidade Federal de Campina  Grande). Esta investigação avaliou  exatamente  este desenho animado e trouxe à reflexão uma pesquisa que analisa vários aspectos cognitivos e psicológicos relacionados à educação infantil. Negativamente porém, só há poucas notícias que apenas repassam a informação sem nenhuma referência específica.

                                         
Televisão e crianças sempre foi uma polêmica 

É possível que todos os pais, de todas as épocas desde que a televisão foi criada, devem, pelo menos em algum momento, ter se preocupado se estariam certos ou não em deixarem as crianças assistirem televisão. Ou se deixariam o dia todo após a escola, ou se deveriam assistir a programação noturna, que tipo de filme (sessão da tarde podia?) ou seriado poderiam ver, etc. Até que surgiram as novelas no Brasil e outra série de preocupações vieram à tona, muitas trazidas por educadores e psicólogos. A exposição permanente dos pequenos à telinha fazia mal? Podemos dizer,  para quem é adulto atualmente, agora é tarde, já passou. Mas, para os pequenos de hoje, a preocupação retorna eventualmente aqui e ali, e desde a chegada da internet, algum disse-me-disse sempre escapa e ficamos atônitos sem saber o que fazer, porque todos temos necessidade às vezes, de que os pequenos fiquem a assistindo a tevê.
                                               

Sensatez para ver "os dois lados da moeda"                                                                                          
                                                                                         
Há divergência entre alguns estudiosos e interessados no assunto, mas muitos são categóricos em afirmar que é quase impossível vivermos apartados da tecnologia e de certos tipos de entretenimento, quanto mais as crianças, que têm horário mais livre que nós. Haja programação e tempo disponível para ocupá-las com atividades.Aí vem em "nosso socorro" a bendita televisão com suas programações infantis que nem sempre foram honrosas (podemos nos lembrar de tantas "barbaridades" que já passaram na telinha, que seria cômico se não fosse trágico). E passávamos horas defronte do aparelho de tevê em nossa infância, pré-adolescência e adolescência. Mas, acabou. Há pouco tempo a maior parte da grade infantil disponível na tevê aberta foi extinta, por dois ou três grandes motivos. Passaram à frente a tevê a cabo, a internet (Youtube), o canal Netflix, jogos de computador, o cinema, dvd´s.


A grande "dama" brasileira nas telas, a novela

Obviamente que certos filmes e seriados têm sua própria recomendação de idade ( a famosa faixa etária), além do que, nós mesmos, os cuidadores, podemos ter nossos critérios pessoais para permitir certa flexibilidade ou não sobre as crianças assistirem X ou Y dos programas. Filme de terror? De violência? De suspense? De conteúdo quase erótico (romances apimentados) Podem? Podemos decidir sobre esses julgamentos com facilidade. Basta uma boa dose de firmeza e determinação quando quisermos dizer não e cuidado com a flexibilidade se quisermos dizer sim.No entanto, esbarramos num conflito no que diz respeito às novelas, que segundo nossas avós, antes eram bastante "inocentes" e hoje, de inocente não têm nada, estão cada vez mais "avançadas" até para pré-adolescentes, com conteúdos inapropriados. Em países europeus e nos Estados Unidos a regulamentação da tevê para crianças é bem mais reservada que a nossa, as punições são maiores a quem ultrapassa os limites, e os pais são muito policiados quanto a isso (embora deva haver exceções como há em tudo na vida0.

                                                                           

Aspectos Interessantes encontrados pelos pesquisadores em Peppa Pig

Ao examinar o desenho infantil,  os pesquisadores citados acima concluíram algumas descobertas interessantes. A saber:

1- A família da porquinha tem um núcleo tradicional, composto de pai, mãe (casados) e filhos, sendo que há outros círculos apresentados na animação, encontra-se por exemplo famílias "modernas"  como a mãe solteira dona Ovelha e a independente, solteira e sem filhos, dona Coelha;

2- Embora a família de Peppa seja composta de maneira tradicional, a troca de papeis da mãe e do pai são enfatizadas em alguns episódios, que mostram o papai porco cuidando da casa e das crianças e mamãe porco trabalhando ao computador e como bombeira (?!);

3- Vê-se na família da porquinha, em vários dos 120 episódios assistidos, realizarem momentos de lazer, de cuidado e de carinho entre os elementos principais;

4- Quanto às críticas sobre a permissividade dos pais da porquinha, os estudiosos constataram que o desenho "rebate as críticas de que a relação de Peppa com os pais é atravessada por um estilo de socialização permissivo por terem sido encontradas uma das palavras mais representativas em episódios, a palavra não, proferida pelos pais.
                                             

Que podemos fazer para selecionar um bom conteúdo infantil?

Como em toda a amplitude de uma educação para a criança,  temos que estar atentos, focados, perceptivos, dispostos, cuidadosos. É claro, que não é fácil, nem tudo sairá 100% certo (em nada na vida sai, não é esmo?) mas uma boa organização aliada à percepção aguçada, mas sem neuras bobas, será muito eficiente, dizem os especialista e também nosso bom senso. Não como o "senso comum", que  muitas vezes erra,  como espalhar boatos descabidos. Quem de nós não presenciou uma bela cena de reizinho/pricipezinho ou rainhazinha/princesinha em casa?
As dúvidas, as tentativas e erros,  as cabecinhas duras, as teimosias cansativas, as birras, os chiliques esporádicos, até assistir a um programa ruim pode acontecer, faz parte da natureza humana tantas condições, tantas particularidades. Mas nós "estando lá" (presentes, junto) com nossa paciência para entender, cuidar e orientar em numerosas situações difíceis é que fará a diferença. Ou o apoio para explicar algo que soa estranho e curioso a elas ou nosso sonoro não, delineando  o limite. Quando for para intervir, faremos.                                           

Detalhes que fazem a diferença 

Mesmo se o desenho de Peppa Pig fosse realmente "ruim", esta seria uma oportunidade de ensino/aprendizagem (a não ser que fosse uma tremenda aberração, claro).

Digamos que um personagem X faça uma bela cena de teimosia, ao intervir, podemos questionar:  - Isso não foi legal , foi? Não, não pode ser teimoso assim, isso não se faz. Ela poderia se machucar ou machucar alguém se fizer isso;
O personagem toma o brinquedo dos colegas e não quer dividir e brincar. Diremos: - Isso é feio, as crianças querem brincar juntas, o brinquedo não pode ser de uma só criança, precisa compartilhar o brinquedo. É melhor brincar com                                                                     os coleguinhas, todos têm direito à brincadeira, e por aí vai.

Não somos robôs, podemos interferir em todas as vicissitudes da vida, e transformar, melhorar, resolver, reestruturar, reformar, revolucionar. Nada está fechado e é absoluto, ainda mais relacionado às crianças. Portanto, mãos á obra, vamos preparar uma maratona de Peppa Pig!


                                               



Veja mais em:   https://editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRABALHO_EV056_MD1_SA19_ID7756_11082016184258.pdf  ; http://www.falamae.com/2016/07/porque-o-youtube-nao-pode-ser-baba-dos.html/ ; http://ricardoandretto.jor.br/trabalhos/a-influencia-dos-desenhos-animados-na-formacao-das-criancas ; https://sites.google.com/site/desenhosanimadoshuhu/as-diferencas-dos-desenhos-animados-de-antigamente-e-de-hoje ;










domingo, 19 de novembro de 2017

Superproteção e Piper


Um adorável passarinho é o personagem principal do curta de animação "Piper" (vencedor do Oscar de melhor curta de animação ) que estreou junto com o filme "A Procura de Dory" em meados de 2016. Este encantador bichinho é mostrado na tela como um filhote que vai conhecer com sua mamãe a prática de encontrar comida. Só que, como todo bebê, quer tudo facilzinho, que chegue o alimento na sua boca, ou melhor, no seu bico, e é aí que sua pequenina aventura de pouco mais de 5 minutos começa: Piper vai enfrentar os obstáculos que faz parte de crescer. E essa imagem nos remete naturalmente aos pequeninos dos quais cuidamos.


Todos nós já ouvimos falar sobre a super-proteção, o excesso de cuidados e até mesmo   o excesso de super-proteção (!?). Mas é possível que a maioria de nós pensou : "com certeza" eu não era super-protetor com meus filhos. Mas acontece que, como no filme animado, chega uma hora em que as o crianças precisam dar seus próprios passinhos (ou passos mesmo) em direção a alguma autonomia, depois a uma autonomia mediana até por fim, ter total autonomia para viver, o que para muitos familiares (pais principalmente) é bastante assustador. 

Tememos uma série de perigos a que nossos filhos ficarão expostos, seja se machucar nas brincadeiras, ou ficar doente sem nossa proteção e cuidado por perto, ou quando vão sair para outro lugar que não é nossa casa e nos apavoramos com duas dúzias de medos e preocupações. Só que as crianças crescem, e quer gostemos ou não, enfrentarão a vida "lá fora". Portanto, quanto mais as super-protegemos, mais elas ficarão vulneráveis às vivências que serão parte integrante de suas vidas.


Os especialistas nos alertam que a super-proteção pode causar sérios problemas para as crianças e seus pais, além de prejudicá-la psicologicamente. Uma destas consequências é resultar numa pessoa intolerante, sensível demais às frustrações, com insegurança acima do necessário,  dependente em tudo ou manipuladora (usando as pessoas para seu benefício). É natural que, ainda bebê, - pequenina - a criança precise de muito zelo e atenção redobrada. Mas aos poucos, ao começar a andar e a falar, ela já pode receber uma educação que vá introduzindo o auto-controle e segurança sobre certas situações e fatos do seu cotidiano. Prendê-la em grades invisíveis ou numa bolha, certamente não fará bem a ela. 



psicóloga e professora de psicologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Vera Zimmermann aponta três considerações: 

1"O bebê precisa ser convidado a perceber que o outro está separado de si e não é sua propriedade";
2 - "É preciso desenvolver um outro ser humano que terá suas diferenças e um dia viverá separado dos pais, tendo que enfrentar o mundo com as ferramentas que adquiriu dentro da sua família";
3- "Super-protegida, a criança torna-se incapaz de enfrentar as dificuldades ou lidar com as frustrações",

                         


Muitas mães, angustiadas e sentindo-se culpadas por deixar as crianças para ir trabalhar, costumam compensar sua ausência ao encontrar a criança, com mimos excessivos ou extrema permissividade. Outro argumento para a super-proteção é a violência exacerbada do cotidiano, o que faz os pais e cuidadores planejar um organograma de precauções  de segurança exagerado, com aparelhos eletrônicos de vigilância, motoristas (se não for os próprios pais) para levar a todo lugar, monitoramento por mensagens de 15 em 15 minutos pelos smartphones, dentre outros. Segundo os estudiosos, estas atitudes fazem com que a maturidade da criança seja adiada, às vezes até ser tarde demais.


Vejamos o que podemos fazer pelo amadurecimento das crianças:

1-  Evite fazer tudo pelo seu filho;
2-  Não compense sua ausência com excesso de zelo;
3- Não hipervalorize pequenos acidentes;
4-  Exponha seu filho (visitar avós, tios, colegas, ir a festinhas);
5-  Dê responsabilidades compatíveis com a idade;
6-  Converse com seu filho sobre suas frustrações.


Como a mãe de Piper no curta de animação, temos que nos esforçar para ajudar nossos filhos no processo de aquisição de autonomia, prepará-los para a vida com as melhores ferramentas que temos, deixar que a maturidade emocional, psicossocial e física os alcance , sem medo de perdermos nossos pequenos, mas os alimentando com auto-confiança para gerir a vida que se abre para eles, estando perto mas a uma certa distância, amando muito mas dando amor  "suficiente", sem sufocá-los ou torná-los bibelôs frágeis prestes a quebrar com qualquer tropeço. Eles próprios terão suas angústias e fragilidades e basta a eles saberem que  nós estaremos ali, para confortá-los, apoiá-los e amá-los, sempre que precisarem.