sábado, 25 de novembro de 2017

Peppa Pig: Será mesmo prejudicial para as crianças?

                               

Ouvimos dizer por aí às vezes que tal ou tal música, filme, novela, personagem ou desenho animado está "fazendo mal" para as crianças. Este é o caso do boato nas redes sociais sobre o desenho animado infantil "Peppa Pig" que circulou recentemente por aí.Vamos, "por partes", analisar um pouco tais considerações, porque precisamos ter espírito crítico para avaliar as coisas que nos cercam. E se não temos, precisamos desenvolver isso, a capacidade de observar, entender, pensar e refletir sobre as situações e fatos que nos cercam, de uma maneira mais séria, mais aprofundada, levantando prós e contras, avaliando criteriosamente,  principalmente quando somos educadores (pai, mãe, avós, etc), enfim, nós que cuidamos das crianças.
                                               
                                                                               
"Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém!"

Não há uma precisão sobre o início da "notícia" sobre o "malefício" do desenho, mas, ao pesquisar na internet encontra-se pelo menos duas ou três informações mais sérias sobre o assunto. O rumor virtual pode ter surgido num site espanhol ou no artigo de uma colunista norte-americana, etc. Chegaram ao cúmulo de divulgar que "causaria autismo" nos pequenos". Como? Não se "contrai "autismo, se  nasce com ele. Outro mexerico diz que assistir o desenho provocaria distúrbios comportamentais.Uau! gerações passaram a infância assistindo os desenhos mais bizarros e anti-éticos e "sobreviveram" a eles. Se me autorizassem, citaria aqui centenas de nomes, mas só posso confirmar o meu: Escapei às influências (veja aqui) do cinismo de Pica-Pau; das artimanhas ardilosas de Pernalonga; da agressividade de Popeye; das traquinagens impiedosas de Piu-Piu; da frieza de Papa-Léguas, o machismo de Mickey, a ganância de Tio Patinhas, dentre outros.

                                             
O que falaram nas redes sociais sobre "Peppa Pig"

Algumas das ideias esplhadas sobre o desenho: dizem que a porquinha é voluntariosa, só faz o que quer, os pais dizem amém, ela destrata o irmãozinho, ela "governa" os pais, a mãe é uma tonta e outras tolices afins em sites, blogs e redes sociais. No decorrer do artigo podemos ver abordagens controversas, no entanto, as mais sérias, aprovam a Peppa Pig e encontraram elementos positivos para a socialização da educando pré-escolar. Este estudo aprofundado ("O Desenho Animado Peppa Pig: Relações e Agrupamentos") foi apresentado por três acadêmicos - Marília Pereira Dutra,Ana Layse Viana da Costa e José Alan martins de Freitas - num congresso de educação, sob a orientação da pesquisadora Lilian Kelly de Souza Galvão (da Universidade Federal de Campina  Grande). Esta investigação avaliou  exatamente  este desenho animado e trouxe à reflexão uma pesquisa que analisa vários aspectos cognitivos e psicológicos relacionados à educação infantil. Negativamente porém, só há poucas notícias que apenas repassam a informação sem nenhuma referência específica.

                                         
Televisão e crianças sempre foi uma polêmica 

É possível que todos os pais, de todas as épocas desde que a televisão foi criada, devem, pelo menos em algum momento, ter se preocupado se estariam certos ou não em deixarem as crianças assistirem televisão. Ou se deixariam o dia todo após a escola, ou se deveriam assistir a programação noturna, que tipo de filme (sessão da tarde podia?) ou seriado poderiam ver, etc. Até que surgiram as novelas no Brasil e outra série de preocupações vieram à tona, muitas trazidas por educadores e psicólogos. A exposição permanente dos pequenos à telinha fazia mal? Podemos dizer,  para quem é adulto atualmente, agora é tarde, já passou. Mas, para os pequenos de hoje, a preocupação retorna eventualmente aqui e ali, e desde a chegada da internet, algum disse-me-disse sempre escapa e ficamos atônitos sem saber o que fazer, porque todos temos necessidade às vezes, de que os pequenos fiquem a assistindo a tevê.
                                               

Sensatez para ver "os dois lados da moeda"                                                                                          
                                                                                         
Há divergência entre alguns estudiosos e interessados no assunto, mas muitos são categóricos em afirmar que é quase impossível vivermos apartados da tecnologia e de certos tipos de entretenimento, quanto mais as crianças, que têm horário mais livre que nós. Haja programação e tempo disponível para ocupá-las com atividades.Aí vem em "nosso socorro" a bendita televisão com suas programações infantis que nem sempre foram honrosas (podemos nos lembrar de tantas "barbaridades" que já passaram na telinha, que seria cômico se não fosse trágico). E passávamos horas defronte do aparelho de tevê em nossa infância, pré-adolescência e adolescência. Mas, acabou. Há pouco tempo a maior parte da grade infantil disponível na tevê aberta foi extinta, por dois ou três grandes motivos. Passaram à frente a tevê a cabo, a internet (Youtube), o canal Netflix, jogos de computador, o cinema, dvd´s.


A grande "dama" brasileira nas telas, a novela

Obviamente que certos filmes e seriados têm sua própria recomendação de idade ( a famosa faixa etária), além do que, nós mesmos, os cuidadores, podemos ter nossos critérios pessoais para permitir certa flexibilidade ou não sobre as crianças assistirem X ou Y dos programas. Filme de terror? De violência? De suspense? De conteúdo quase erótico (romances apimentados) Podem? Podemos decidir sobre esses julgamentos com facilidade. Basta uma boa dose de firmeza e determinação quando quisermos dizer não e cuidado com a flexibilidade se quisermos dizer sim.No entanto, esbarramos num conflito no que diz respeito às novelas, que segundo nossas avós, antes eram bastante "inocentes" e hoje, de inocente não têm nada, estão cada vez mais "avançadas" até para pré-adolescentes, com conteúdos inapropriados. Em países europeus e nos Estados Unidos a regulamentação da tevê para crianças é bem mais reservada que a nossa, as punições são maiores a quem ultrapassa os limites, e os pais são muito policiados quanto a isso (embora deva haver exceções como há em tudo na vida0.

                                                                           

Aspectos Interessantes encontrados pelos pesquisadores em Peppa Pig

Ao examinar o desenho infantil,  os pesquisadores citados acima concluíram algumas descobertas interessantes. A saber:

1- A família da porquinha tem um núcleo tradicional, composto de pai, mãe (casados) e filhos, sendo que há outros círculos apresentados na animação, encontra-se por exemplo famílias "modernas"  como a mãe solteira dona Ovelha e a independente, solteira e sem filhos, dona Coelha;

2- Embora a família de Peppa seja composta de maneira tradicional, a troca de papeis da mãe e do pai são enfatizadas em alguns episódios, que mostram o papai porco cuidando da casa e das crianças e mamãe porco trabalhando ao computador e como bombeira (?!);

3- Vê-se na família da porquinha, em vários dos 120 episódios assistidos, realizarem momentos de lazer, de cuidado e de carinho entre os elementos principais;

4- Quanto às críticas sobre a permissividade dos pais da porquinha, os estudiosos constataram que o desenho "rebate as críticas de que a relação de Peppa com os pais é atravessada por um estilo de socialização permissivo por terem sido encontradas uma das palavras mais representativas em episódios, a palavra não, proferida pelos pais.
                                             

Que podemos fazer para selecionar um bom conteúdo infantil?

Como em toda a amplitude de uma educação para a criança,  temos que estar atentos, focados, perceptivos, dispostos, cuidadosos. É claro, que não é fácil, nem tudo sairá 100% certo (em nada na vida sai, não é esmo?) mas uma boa organização aliada à percepção aguçada, mas sem neuras bobas, será muito eficiente, dizem os especialista e também nosso bom senso. Não como o "senso comum", que  muitas vezes erra,  como espalhar boatos descabidos. Quem de nós não presenciou uma bela cena de reizinho/pricipezinho ou rainhazinha/princesinha em casa?
As dúvidas, as tentativas e erros,  as cabecinhas duras, as teimosias cansativas, as birras, os chiliques esporádicos, até assistir a um programa ruim pode acontecer, faz parte da natureza humana tantas condições, tantas particularidades. Mas nós "estando lá" (presentes, junto) com nossa paciência para entender, cuidar e orientar em numerosas situações difíceis é que fará a diferença. Ou o apoio para explicar algo que soa estranho e curioso a elas ou nosso sonoro não, delineando  o limite. Quando for para intervir, faremos.                                           

Detalhes que fazem a diferença 

Mesmo se o desenho de Peppa Pig fosse realmente "ruim", esta seria uma oportunidade de ensino/aprendizagem (a não ser que fosse uma tremenda aberração, claro).

Digamos que um personagem X faça uma bela cena de teimosia, ao intervir, podemos questionar:  - Isso não foi legal , foi? Não, não pode ser teimoso assim, isso não se faz. Ela poderia se machucar ou machucar alguém se fizer isso;
O personagem toma o brinquedo dos colegas e não quer dividir e brincar. Diremos: - Isso é feio, as crianças querem brincar juntas, o brinquedo não pode ser de uma só criança, precisa compartilhar o brinquedo. É melhor brincar com                                                                     os coleguinhas, todos têm direito à brincadeira, e por aí vai.

Não somos robôs, podemos interferir em todas as vicissitudes da vida, e transformar, melhorar, resolver, reestruturar, reformar, revolucionar. Nada está fechado e é absoluto, ainda mais relacionado às crianças. Portanto, mãos á obra, vamos preparar uma maratona de Peppa Pig!


                                               



Veja mais em:   https://editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRABALHO_EV056_MD1_SA19_ID7756_11082016184258.pdf  ; http://www.falamae.com/2016/07/porque-o-youtube-nao-pode-ser-baba-dos.html/ ; http://ricardoandretto.jor.br/trabalhos/a-influencia-dos-desenhos-animados-na-formacao-das-criancas ; https://sites.google.com/site/desenhosanimadoshuhu/as-diferencas-dos-desenhos-animados-de-antigamente-e-de-hoje ;










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