quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Racismo na Infância - Vamos falar sobre isso?

É verdade que existe o Racismo Infantil ?

                                                           
Infelizmente, podemos considerar oportuno o fato que aconteceu com o ator de televisão que viu sua filha adotiva sofrer racismo e preconceito através das redes sociais recentemente. Por dois motivos: por estarmos finalizando o mês de novembro, que no Brasil é "dedicado"  à  "Consciência Negra", como já falamos aqui, e porque precisamos falar sobre racismo sempre, para reforçar a conscientização em torno de um "estigma" característico da pior essência de nossa humanidade, que continuamos praticando e muitas vezes fingimos que não existe. 


Primeiro vamos nos solidarizar com o casal de atores em nome de todos os pais e mães que sofrem com tal infeliz moléstia humana. Sentimos muito e esperamos que a justiça atinja em cheio aqueles que continuam a propagar esse horror.

E vamos tentar entender sobre como podemos mandar mensagens racistas às nossas crianças sem percebermos e  conhecer algumas maneiras de acabar com esse comportamento que desde cedo se infiltra em nosso dia-a-dia de maneiras sutis e corrosivas.



Estou ensinando racismo aos meus filhos?

A maneira mais óbvia de, sem percebermos", ensinarmos nossos filhos a terem atitudes racistas é simplesmente deixarmos de falar sobre isso, como se esse fato não existisse. Sim, existe e é preciso falar a respeito. É triste constatar essa realidade, mas os cenas de racismo, preconceito e discriminação ocorrem todos os dias, de variadas maneiras em diferentes lugares. 
Pode se apresentar claramente ou escondida em pequenos gestos, tanto no ambiente familiar, quanto na escola, ou em qualquer outra interação social. Há centenas de casos vividos onde a discriminação veio à tona.
E isso pode impactar dolorosamente a vida das crianças. Ao serem expostos a situações degradantes de escárnio, vexame, humilhação, zombaria, as crianças podem apresentar sequelas. Dentre elas, podem acontecer:

1-Sentimento de desvalorização;
2- Rejeição da própria imagem;
3- Inibição excessiva;
4- Dificuldade para confiar em si mesma.



O processo dolorido e sofrido do Racismo                                                                          
Já há muito sofrimento e dor quando a discriminação e a intolerância acontece em vítimas adultas, pense no estrago que deve fazer quando a vítima é uma criança ainda em processo de formação. Psicólogos nos alertam sobre o quanto é ruim termos nossa autoestima abalada no processo de crescimento ao sofrermos um episódio  discriminatório ou intolerante.Quando, por exemplo, uma criança acima do peso considerado ideal é chamada de "baleia" ou aquela que tem um ritmo mais lento de aprendizado é chamado de "burro ou lerdo". Uma criança pequena que está se descobrindo no meio de outras (deixou de se ver unida à mamãe) , portanto, precisa ser aceita em todos os aspectos de sua identidade e não ser rudemente atacada por causa da cor de sua pele ou as características de seu cabelo. Podemos ser cruéis de muitas formas.

                                   


Escola e família devem ser os primeiros a combater o racismo

À medida que as oportunidades vão surgindo, é importante conversar sobre o tema do preconceito desde cedo. A escola deve ligar o "sinal de alerta" assim que ocorrer alguma prática racista em suas dependências, conversando com os pequenos, promovendo atividades de combate ao racismo, estimulando ações que possam desconstruir as ideias preconceituosas (críticas ao cabelo do colega, apelidos ofensivos, denegrir a imagem, etc) 



Em casa não é diferente, qualquer momento pode ser o ideal para explicar que o colega não é inferior por ter uma cor ou cabelo diferentes. Reafirmar nossa humanidade como presente em cada um de nós é um ensinamento essencial para as crianças absorverem. 

Aproveite as chances para:

1- Apresentar bonecos de cores e feições desiguais;

2- Oferecer livros de histórias com crianças negras;

3- Selecionar programas educativos que mostrem a diferença,
    promovam e reforcem a igualdade;

4- Promover as brincadeiras e jogos entre crianças de raça  e etnias diferentes.

Unicef - Por uma Infância sem Racismo


O Fundo das Nações Unidas para a Infância - Unicef, lançou em 2013 a campanha "Por uma Infância sem Racismo" , na tentativa de promover ações de todas as instância - pública e privada -  de combate ao racismo institucionalizado e enraizado nas entranhas da sociedade.


 A intenção foi fazer um chamado à população sobre as consequências nocivas da discriminação sofridas por crianças e adolescentes, promovendo uma mobilização social efetiva para a reflexão e a tomada de decisão por ações de combate ao racismo - por pessoas, pelas organizações e pelo governo - numa ampla rede solidária que vise assegurar o respeito e a igualdade étnico-racial desde a infância. A campanha de quatro anos atrás vale até hoje.






                                                                 
Que atitudes podemos tomar desde já contra o racismo?                                              

Somos quase sempre o modelo de referência que nossos filhos têm para copiar e muito do que passamos ocorre de forma subliminar, nós nem notamos que estamos fazendo (temos muito preconceito introjetado), por isso a atenção tem que ser redobrada. Mas, dentre várias atitudes que nós podemos tomar para desde cedo combater o racismo na sociedade estão:

1- Seja coerente: não adianta dizer que não tem preconceitos se der risadas de piadas racistas;

2- Não adianta ter amigos negros se, ao der as costas a ele, dizer palavras ou ideias ofensivas: seja autêntico;

3- Se for convidar coleguinhas das crianças, chame todos igualmente: não seja "seletivo";

4- Não será um bom exemplo se você disser que o preconceito é feio e fechar às pressas a janela do carro nas sinaleiras: seja honesto;

5-  Se num momento de tensão dizer coisas inapropriadas, corrija-se e diga que errou: seja sincero;

6- Se fizer comentários depreciativos sobre tipos de cabelo o jeito de vestir, será difícil dizer que não é certo ser preconceituoso: seja auto-reflexivo, pondere o que diz;

7- Em contatos familiares, defenda seu ponto de vista anti-racista, não fique em cima do muro, seja claro;

8- Sempre que a oportunidade da exposição de questões de racismo, intolerância ou preconceito surgirem , tente colocar nos assuntos urgentes para conversar com as crianças: seja responsivo;

9- Incentive e valorize sempre o tratamento respeitoso e sem preconceito quando se referir à diversidade étnico-racial.



Livro: "Filhos - Novas ideias sobre Educação"                                                                

Neste livro, os autores Po Bronson e Ashley Merryman, apontam algumas ideias sobre os perigos e artimanhas do racismo ainda presentes na vida social. Os autores sustentam a importância de apontar as diferenças sim, mas no sentido de explicar a diversidade, só que valorizando cada aspecto dela, as diferentes culturas e suas riquezas, os aspectos físicos desiguais, mas que em nada podem alterar a conquista e o exercício dos direitos por todos.  Como no âmbito do trabalho por exemplo, afirmando que negros e brancos podem ser médicos igualmente.   
Algumas de suas pesquisas mostraram que dificilmente as crianças se tornam amigas de crianças com outra "cor" , ou sobre as dificuldades - depois dos oito anos de idade - de desfazer comportamentos preconceituosos.

                                  
                                                            

Guilhermina e Candelário                                                                                               

"Em outro de 2015, a TV Brasil passou a exibir o desenho animado infantil "Guilhermina e Candelário". Nele, os irmãos Guilhermina e Candelário, compõem uma família negra, muito parecida com milhões de famílias brasileiras, atualmente pouco representadas nos meios de comunicação. A série infantil tem a maioria dos seus personagens negros e surge para preencher uma lacuna e  valorizar a história e cultura negra. É um dos primeiros desenhos do gênero com protagonistas negros a ser exibido na tv aberta brasileira. As crianças vivem às margens de uma praia na casa dos avós, passam o dia brincando, fazendo descobertas e inventando coisas." Essa produção é uma parceria Senal Colômbia e da Fosfenos Media e traz 20 episódios de 12 minutos cada.
                        
                               

A Discriminação é uma violação de Direitos - denuncie!
 Não deixe de denunciar. Em todos os casos de discriminação, você deve buscar defesa no conselho tutelar, nas ouvidorias dos serviços públicos, na OAB e nas delegacias de proteção à infância e adolescência. A discriminação é uma violação de direitos. 
             O aprendizado e a desconstrução de estereótipos é um trabalho árduo que precisa ser feito todos os dias, de maneira transparente, suscitando a empatia  por nossos semelhantes num mundo onde compartilhamos o mesmo espaço.


sábado, 25 de novembro de 2017

Peppa Pig: Será mesmo prejudicial para as crianças?

                               

Ouvimos dizer por aí às vezes que tal ou tal música, filme, novela, personagem ou desenho animado está "fazendo mal" para as crianças. Este é o caso do boato nas redes sociais sobre o desenho animado infantil "Peppa Pig" que circulou recentemente por aí.Vamos, "por partes", analisar um pouco tais considerações, porque precisamos ter espírito crítico para avaliar as coisas que nos cercam. E se não temos, precisamos desenvolver isso, a capacidade de observar, entender, pensar e refletir sobre as situações e fatos que nos cercam, de uma maneira mais séria, mais aprofundada, levantando prós e contras, avaliando criteriosamente,  principalmente quando somos educadores (pai, mãe, avós, etc), enfim, nós que cuidamos das crianças.
                                               
                                                                               
"Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém!"

Não há uma precisão sobre o início da "notícia" sobre o "malefício" do desenho, mas, ao pesquisar na internet encontra-se pelo menos duas ou três informações mais sérias sobre o assunto. O rumor virtual pode ter surgido num site espanhol ou no artigo de uma colunista norte-americana, etc. Chegaram ao cúmulo de divulgar que "causaria autismo" nos pequenos". Como? Não se "contrai "autismo, se  nasce com ele. Outro mexerico diz que assistir o desenho provocaria distúrbios comportamentais.Uau! gerações passaram a infância assistindo os desenhos mais bizarros e anti-éticos e "sobreviveram" a eles. Se me autorizassem, citaria aqui centenas de nomes, mas só posso confirmar o meu: Escapei às influências (veja aqui) do cinismo de Pica-Pau; das artimanhas ardilosas de Pernalonga; da agressividade de Popeye; das traquinagens impiedosas de Piu-Piu; da frieza de Papa-Léguas, o machismo de Mickey, a ganância de Tio Patinhas, dentre outros.

                                             
O que falaram nas redes sociais sobre "Peppa Pig"

Algumas das ideias esplhadas sobre o desenho: dizem que a porquinha é voluntariosa, só faz o que quer, os pais dizem amém, ela destrata o irmãozinho, ela "governa" os pais, a mãe é uma tonta e outras tolices afins em sites, blogs e redes sociais. No decorrer do artigo podemos ver abordagens controversas, no entanto, as mais sérias, aprovam a Peppa Pig e encontraram elementos positivos para a socialização da educando pré-escolar. Este estudo aprofundado ("O Desenho Animado Peppa Pig: Relações e Agrupamentos") foi apresentado por três acadêmicos - Marília Pereira Dutra,Ana Layse Viana da Costa e José Alan martins de Freitas - num congresso de educação, sob a orientação da pesquisadora Lilian Kelly de Souza Galvão (da Universidade Federal de Campina  Grande). Esta investigação avaliou  exatamente  este desenho animado e trouxe à reflexão uma pesquisa que analisa vários aspectos cognitivos e psicológicos relacionados à educação infantil. Negativamente porém, só há poucas notícias que apenas repassam a informação sem nenhuma referência específica.

                                         
Televisão e crianças sempre foi uma polêmica 

É possível que todos os pais, de todas as épocas desde que a televisão foi criada, devem, pelo menos em algum momento, ter se preocupado se estariam certos ou não em deixarem as crianças assistirem televisão. Ou se deixariam o dia todo após a escola, ou se deveriam assistir a programação noturna, que tipo de filme (sessão da tarde podia?) ou seriado poderiam ver, etc. Até que surgiram as novelas no Brasil e outra série de preocupações vieram à tona, muitas trazidas por educadores e psicólogos. A exposição permanente dos pequenos à telinha fazia mal? Podemos dizer,  para quem é adulto atualmente, agora é tarde, já passou. Mas, para os pequenos de hoje, a preocupação retorna eventualmente aqui e ali, e desde a chegada da internet, algum disse-me-disse sempre escapa e ficamos atônitos sem saber o que fazer, porque todos temos necessidade às vezes, de que os pequenos fiquem a assistindo a tevê.
                                               

Sensatez para ver "os dois lados da moeda"                                                                                          
                                                                                         
Há divergência entre alguns estudiosos e interessados no assunto, mas muitos são categóricos em afirmar que é quase impossível vivermos apartados da tecnologia e de certos tipos de entretenimento, quanto mais as crianças, que têm horário mais livre que nós. Haja programação e tempo disponível para ocupá-las com atividades.Aí vem em "nosso socorro" a bendita televisão com suas programações infantis que nem sempre foram honrosas (podemos nos lembrar de tantas "barbaridades" que já passaram na telinha, que seria cômico se não fosse trágico). E passávamos horas defronte do aparelho de tevê em nossa infância, pré-adolescência e adolescência. Mas, acabou. Há pouco tempo a maior parte da grade infantil disponível na tevê aberta foi extinta, por dois ou três grandes motivos. Passaram à frente a tevê a cabo, a internet (Youtube), o canal Netflix, jogos de computador, o cinema, dvd´s.


A grande "dama" brasileira nas telas, a novela

Obviamente que certos filmes e seriados têm sua própria recomendação de idade ( a famosa faixa etária), além do que, nós mesmos, os cuidadores, podemos ter nossos critérios pessoais para permitir certa flexibilidade ou não sobre as crianças assistirem X ou Y dos programas. Filme de terror? De violência? De suspense? De conteúdo quase erótico (romances apimentados) Podem? Podemos decidir sobre esses julgamentos com facilidade. Basta uma boa dose de firmeza e determinação quando quisermos dizer não e cuidado com a flexibilidade se quisermos dizer sim.No entanto, esbarramos num conflito no que diz respeito às novelas, que segundo nossas avós, antes eram bastante "inocentes" e hoje, de inocente não têm nada, estão cada vez mais "avançadas" até para pré-adolescentes, com conteúdos inapropriados. Em países europeus e nos Estados Unidos a regulamentação da tevê para crianças é bem mais reservada que a nossa, as punições são maiores a quem ultrapassa os limites, e os pais são muito policiados quanto a isso (embora deva haver exceções como há em tudo na vida0.

                                                                           

Aspectos Interessantes encontrados pelos pesquisadores em Peppa Pig

Ao examinar o desenho infantil,  os pesquisadores citados acima concluíram algumas descobertas interessantes. A saber:

1- A família da porquinha tem um núcleo tradicional, composto de pai, mãe (casados) e filhos, sendo que há outros círculos apresentados na animação, encontra-se por exemplo famílias "modernas"  como a mãe solteira dona Ovelha e a independente, solteira e sem filhos, dona Coelha;

2- Embora a família de Peppa seja composta de maneira tradicional, a troca de papeis da mãe e do pai são enfatizadas em alguns episódios, que mostram o papai porco cuidando da casa e das crianças e mamãe porco trabalhando ao computador e como bombeira (?!);

3- Vê-se na família da porquinha, em vários dos 120 episódios assistidos, realizarem momentos de lazer, de cuidado e de carinho entre os elementos principais;

4- Quanto às críticas sobre a permissividade dos pais da porquinha, os estudiosos constataram que o desenho "rebate as críticas de que a relação de Peppa com os pais é atravessada por um estilo de socialização permissivo por terem sido encontradas uma das palavras mais representativas em episódios, a palavra não, proferida pelos pais.
                                             

Que podemos fazer para selecionar um bom conteúdo infantil?

Como em toda a amplitude de uma educação para a criança,  temos que estar atentos, focados, perceptivos, dispostos, cuidadosos. É claro, que não é fácil, nem tudo sairá 100% certo (em nada na vida sai, não é esmo?) mas uma boa organização aliada à percepção aguçada, mas sem neuras bobas, será muito eficiente, dizem os especialista e também nosso bom senso. Não como o "senso comum", que  muitas vezes erra,  como espalhar boatos descabidos. Quem de nós não presenciou uma bela cena de reizinho/pricipezinho ou rainhazinha/princesinha em casa?
As dúvidas, as tentativas e erros,  as cabecinhas duras, as teimosias cansativas, as birras, os chiliques esporádicos, até assistir a um programa ruim pode acontecer, faz parte da natureza humana tantas condições, tantas particularidades. Mas nós "estando lá" (presentes, junto) com nossa paciência para entender, cuidar e orientar em numerosas situações difíceis é que fará a diferença. Ou o apoio para explicar algo que soa estranho e curioso a elas ou nosso sonoro não, delineando  o limite. Quando for para intervir, faremos.                                           

Detalhes que fazem a diferença 

Mesmo se o desenho de Peppa Pig fosse realmente "ruim", esta seria uma oportunidade de ensino/aprendizagem (a não ser que fosse uma tremenda aberração, claro).

Digamos que um personagem X faça uma bela cena de teimosia, ao intervir, podemos questionar:  - Isso não foi legal , foi? Não, não pode ser teimoso assim, isso não se faz. Ela poderia se machucar ou machucar alguém se fizer isso;
O personagem toma o brinquedo dos colegas e não quer dividir e brincar. Diremos: - Isso é feio, as crianças querem brincar juntas, o brinquedo não pode ser de uma só criança, precisa compartilhar o brinquedo. É melhor brincar com                                                                     os coleguinhas, todos têm direito à brincadeira, e por aí vai.

Não somos robôs, podemos interferir em todas as vicissitudes da vida, e transformar, melhorar, resolver, reestruturar, reformar, revolucionar. Nada está fechado e é absoluto, ainda mais relacionado às crianças. Portanto, mãos á obra, vamos preparar uma maratona de Peppa Pig!


                                               



Veja mais em:   https://editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRABALHO_EV056_MD1_SA19_ID7756_11082016184258.pdf  ; http://www.falamae.com/2016/07/porque-o-youtube-nao-pode-ser-baba-dos.html/ ; http://ricardoandretto.jor.br/trabalhos/a-influencia-dos-desenhos-animados-na-formacao-das-criancas ; https://sites.google.com/site/desenhosanimadoshuhu/as-diferencas-dos-desenhos-animados-de-antigamente-e-de-hoje ;










domingo, 19 de novembro de 2017

Superproteção e Piper


Um adorável passarinho é o personagem principal do curta de animação "Piper" (vencedor do Oscar de melhor curta de animação ) que estreou junto com o filme "A Procura de Dory" em meados de 2016. Este encantador bichinho é mostrado na tela como um filhote que vai conhecer com sua mamãe a prática de encontrar comida. Só que, como todo bebê, quer tudo facilzinho, que chegue o alimento na sua boca, ou melhor, no seu bico, e é aí que sua pequenina aventura de pouco mais de 5 minutos começa: Piper vai enfrentar os obstáculos que faz parte de crescer. E essa imagem nos remete naturalmente aos pequeninos dos quais cuidamos.


Todos nós já ouvimos falar sobre a super-proteção, o excesso de cuidados e até mesmo   o excesso de super-proteção (!?). Mas é possível que a maioria de nós pensou : "com certeza" eu não era super-protetor com meus filhos. Mas acontece que, como no filme animado, chega uma hora em que as o crianças precisam dar seus próprios passinhos (ou passos mesmo) em direção a alguma autonomia, depois a uma autonomia mediana até por fim, ter total autonomia para viver, o que para muitos familiares (pais principalmente) é bastante assustador. 

Tememos uma série de perigos a que nossos filhos ficarão expostos, seja se machucar nas brincadeiras, ou ficar doente sem nossa proteção e cuidado por perto, ou quando vão sair para outro lugar que não é nossa casa e nos apavoramos com duas dúzias de medos e preocupações. Só que as crianças crescem, e quer gostemos ou não, enfrentarão a vida "lá fora". Portanto, quanto mais as super-protegemos, mais elas ficarão vulneráveis às vivências que serão parte integrante de suas vidas.


Os especialistas nos alertam que a super-proteção pode causar sérios problemas para as crianças e seus pais, além de prejudicá-la psicologicamente. Uma destas consequências é resultar numa pessoa intolerante, sensível demais às frustrações, com insegurança acima do necessário,  dependente em tudo ou manipuladora (usando as pessoas para seu benefício). É natural que, ainda bebê, - pequenina - a criança precise de muito zelo e atenção redobrada. Mas aos poucos, ao começar a andar e a falar, ela já pode receber uma educação que vá introduzindo o auto-controle e segurança sobre certas situações e fatos do seu cotidiano. Prendê-la em grades invisíveis ou numa bolha, certamente não fará bem a ela. 



psicóloga e professora de psicologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Vera Zimmermann aponta três considerações: 

1"O bebê precisa ser convidado a perceber que o outro está separado de si e não é sua propriedade";
2 - "É preciso desenvolver um outro ser humano que terá suas diferenças e um dia viverá separado dos pais, tendo que enfrentar o mundo com as ferramentas que adquiriu dentro da sua família";
3- "Super-protegida, a criança torna-se incapaz de enfrentar as dificuldades ou lidar com as frustrações",

                         


Muitas mães, angustiadas e sentindo-se culpadas por deixar as crianças para ir trabalhar, costumam compensar sua ausência ao encontrar a criança, com mimos excessivos ou extrema permissividade. Outro argumento para a super-proteção é a violência exacerbada do cotidiano, o que faz os pais e cuidadores planejar um organograma de precauções  de segurança exagerado, com aparelhos eletrônicos de vigilância, motoristas (se não for os próprios pais) para levar a todo lugar, monitoramento por mensagens de 15 em 15 minutos pelos smartphones, dentre outros. Segundo os estudiosos, estas atitudes fazem com que a maturidade da criança seja adiada, às vezes até ser tarde demais.


Vejamos o que podemos fazer pelo amadurecimento das crianças:

1-  Evite fazer tudo pelo seu filho;
2-  Não compense sua ausência com excesso de zelo;
3- Não hipervalorize pequenos acidentes;
4-  Exponha seu filho (visitar avós, tios, colegas, ir a festinhas);
5-  Dê responsabilidades compatíveis com a idade;
6-  Converse com seu filho sobre suas frustrações.


Como a mãe de Piper no curta de animação, temos que nos esforçar para ajudar nossos filhos no processo de aquisição de autonomia, prepará-los para a vida com as melhores ferramentas que temos, deixar que a maturidade emocional, psicossocial e física os alcance , sem medo de perdermos nossos pequenos, mas os alimentando com auto-confiança para gerir a vida que se abre para eles, estando perto mas a uma certa distância, amando muito mas dando amor  "suficiente", sem sufocá-los ou torná-los bibelôs frágeis prestes a quebrar com qualquer tropeço. Eles próprios terão suas angústias e fragilidades e basta a eles saberem que  nós estaremos ali, para confortá-los, apoiá-los e amá-los, sempre que precisarem. 










sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Birras, chiliques, etc

Como lidar com as birras e chiliques das crianças sem perder a calma?


Está aí um verdadeiro dilema para muitos pais e professores, que vêm seus pequenos e amados em poucos minutos saírem de alguma atividade: brincadeira, assistir tevê ou no computador, já muito agitados e chateados, e começam o processo do chilique, birra, "malcriação",etc, nos deixando boquiabertos sem saber às vezes como reagir. Vamos analisar aqui algumas opções diferentes de vários estudiosos e pesquisadores do universo da criança, para adequar alguma sugestão ou algumas , à nossa realidade ou situação.


Provavelmente já vimos todo tipo de birra e chilique, afinal fomos crianças,e ou somos pais, avós, tios, professores, o até mesmo só "amigo da família" de uma criança que dá "faniquitos".

Uma opinião (experiência dos pesquisadores)  é praticamente unânime: os ataques de birra são quase sempre por um motivo específico e são dirigidos para alguém com o objetivo de "testar" os limites daqueles cuidadores do momento - seja um dos pais, avós, babás, outros - e ai de nós se não os atendemos ou não entendemos o que está acontecendo. Precisamos de uma dose extra de paciência e sabedoria para lidar com o fato. E cada um de nós reage de maneira diferente, às vezes até ajudamos a piorar a cena. O transbordamento da emoção infantil naquele instante parece o fim do mundo.

                                      
Algumas questões são logo levantadas: estamos com a paciência necessária para enfrentar o instante difícil? E o amor par acolher a criança e "descobrir" o que ela está sentindo?  Verificamos se ela não está com sono? Ou com a fralda muito molhada, com fome, sede ou frio ? Possa ser que a criança queira apenas atenção e como estamos distraídas, ela pode tentar chamar nossa atenção fazendo um belo 'show" que com certeza nos fará "assistir", pois só  assim ela sabe que terá nosso foco. E tanto um bebê de 10 a 12 meses quanto as maiores de dois, três anos, sabem interpretar um drama assim.

                                          

É preciso verificar ou se lembrar se algo da rotina dela foi mudado, as crianças gostam da rotina e ficam desconfortáveis com as mudanças bruscas. Se a criança está num ambiente organizado com a rotina assegurada, é bom ficar atento ao que pode estar provocando a manha. Alguns sinais são mais fáceis de identificar, outros não, mas a tolerância para entender o corrido é imprescindível, senão serão dois nervosinhos juntos. E como nós é que somos o adulto, somos nós que temos que manter o controle e contornar a situação da melhor forma possível.

                
A birra é parte integrante do crescimento da criança, sua ocorrência está muitas vezes ligada a alguma frustração - algo que ela não sabe como lidar, por conta de sua pouca ou quase nenhuma maturidade (depende aqui da idade da criança) -, inabilidade de lidar com alguma condição.   Podemos nos ver diante de uma movimentação brusca, choro sem sentido (que não é por dor ou algum desejo prático), gritos, murmúrios. O equilíbrio entre a firmeza, um pouco de "psicologia" e autoridade, já trará bons resultados. Seria bom evitar todo tipo de agressividade (tapas, beliscões, puxão de orelha), ainda mais se a contrariedade foi em local público. 
Psicólogos são enfáticos em dizer que não podemos reproduzir os modelos dos nossos pais ou avós no que diz respeito à maneira de enfrentar as birras e em hipótese nenhuma perder o controle e beirar a violência (embora isso não precisava nem ser dito, porque todos nós sabemos e concordamos). Temos de tomar cuidado para não sermos inclusive tão imaturos ou mais que nossos filhos. Afinal, pode acontecer de a criança apenas precisar que você diga : "Filho (a) quer o quê? Um carinho? Um abraço? vem que mamãe te abraça."  E aquele "terror" vai passar instantaneamente. Nós somos o modelo a seguir.
                            


"A birra é uma forma de expressar insatisfação. de modo geral, a criança pequena a utiliza para demonstrar raiva ou frustração, já que, até por volta dos três anos, ela ainda não dispões de outras ferramentas para demonstrar tais sentimentos. a partir desta etapa, no entanto, o evento "birra" precisa ser gradativamente substituído por outros meios de comunicar frustrações. para isso, é importante que fique claro para a criança que essa forma de comportamento não leva aos resultados desejados. se isso não ocorrer, é sinal de que os adultos não estão atuando de maneira eficiente", diz a educadora e escritora Tânia Zagury, autora de vários livros sobre educação de crianças e adolescentes. 
                         


Estas dicas super-poderosas a seguir vão lhe inspirar. Para os cuidadores das lindas criaturas que educamos, de acordo com as pesquisas dos sites de psicologia, educação e alguns livros:

1- Jamais agrida a criança:
2- Também nunca grite;
3- Nosso modelo é observado, portanto, controle-se;
4- Tente desviar a tenção dele (a) para outra coisa;
5- Mesmo a criança que não fala sabe se expressar, fique atenta (o);
6- Não ignore a criança, isso só piorará o quadro, dê apoio;
7- Fique firme se precisar dizer não;
8- Se puder, se afaste no começo da birra e observe se ele(a) pára;
9- Chiliques sem o menor sentido afirme: "não pode, é feio, não faça isso!";
10- Mantenha a calma, sempre. 














segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Férias Escolares

Vem aí novo período de férias escolares e tanto os pais, quanto escolas, professores e familiares, ficam atentos a esse período. É preciso uma boa organização para proporcionar às crianças neste período um lazer adequado e variado para que nenhum dos envolvidos "enlouqueçam"...rs Férias não é só deixar as crianças dormirem até tarde e acordarem quando quiserem. Claro que não é necessário ter uma rotina muito programada e rígida, é bom que haja flexibilidade nos horários das crianças para que realmente faça sentido o período de férias. no entanto, deixar as crianças a esmo, sem nenhuma atividade prazerosa e diferente durante todo o tempo de descanso, poderá levá-las ao tédio.
                                            

Mas, quando pensamos e preparamos antecipadamente pelo menos um panorama geral das férias escolares, essa etapa será prazerosa e relaxante para pais e filhos. A qualidade na variedade de opções é um bom começo para uma programação dar certo. Óbvio que não precisamos ir dez vezes ao museu (mesmo se forem museus diferentes), ou dez vezes ao shopping, ou até mesmo à praia. Sim, até a praia ficará entendiante se for o único passeio feito e exatamente da mesma maneira. 

                                     
Hoje em dia as crianças têm a  sua disposição muitos elementos atrativos de diversão e entretenimento - cinema, smartphones, shopping, praia, lanchonetes da moda, tablets, computador, tv a cabo, etc  - então essa "competição" pode ser difícil. Como entretê-los e que mantê-los interessados? Calma! Há boas opções para conseguir deixá-los despertos e satisfeitos. Desde os passeios e brincadeiras mais tradicionais até ideias mais moderninhas. Será bom se a criança for para o interior visitar algum parente, mas não adiantará nada se ela ficar o tempo todo defronte da televisão.

                                     
 Casa de Praia? Ótimo, mas nada de ficar preso em algum condomínio ou a piscina da casa que se hospedou. Leve-a aos arredores, mostre a região, se tiver barcos mostre, ou animais na beira do mar,  coqueiros, se puder dê banhos de mar, etc. Claro que com todas as precauções tomadas: protetor solar, horário de sol mais ameno, baldes para ela mexer na areia, sempre acompanhadas de um adulto responsável. Se por algum motivo tiver que ficar só na residência que ficou hospedado, planeje brincadeiras nos intervalos dos banhos de mar ou piscina ou para os dias interioranos (há boas opções para distraí-los). 

                                            

Para aquelas crianças que terão que ficar em casa na cidade porque os pais trabalham (não saíram de férias também) é possível conseguir um bom aproveitamento das férias sem grandes problemas. A primeira providência é ver quais as opções de lazer para as crianças estão programadas nos shoppings, nos parques, nos teatros (sempre há programação fixa de espetáculos e peças novas de estação), em algumas escolas ou em locais tipo buffet infantil. Não esquecendo de colocar na agenda as visitas aos avós, tios, primos, outros., essa socialização é fundamental. 

                                                    
               
 Nos cinemas com certeza sempre terá algum filme infantil ou pré-adolescente passando, é só escolher. Dependendo da cidade que se mora, poderá ser encontrado ainda, hotéis -fazenda, que geralmente colocam à disposição roteiros de férias tipo acampamento (colônia de férias) - diários ou de estadia pré-estabelecida.- é só consultar referências, e avaliações e histórico do local para se sentir seguro para deixar a criança. Uma boa pesquisa pode evitar transtornos. Temos como aliado, a opção imperdível do zoológico.



Os Parques com área verde sempre são ótima opção para entreter as crianças.Em  Salvador/Bahia há o tradicional Parque da Cidade , no bairro do Itaigara, além de Parque de Pituaçu, cujo nome já diz, fica em Pituaçu, na orla soteropolitana. Mas, a fim de variar ainda mais, os pais podem levá-los a conhecer o Parque do Abaeté, que fica na Lagoa do Abaeté, ponto turístico da cidade.
 E mais recentemente, o Parque de Vilas do Atlântico que tem atraído visitantes que saem muito satisfeitos com o lugar (há orquidário, área de brinquedos com tirolesa e escalada, além de "concha acústica" com pneus coloridos para sentar, um borboletário, viveiro, trilha suspensa acima de um brejo antigo, etc.

Uma maneira mais cultural de proporcionar um passeio diferente é levar a criança a um museu. Em Salvador, as opções são muito variadas e não vai haver monotonia, porque cada museu é diferente do outro. Basta colocar um ou dois museus na agenda, já será motivo de uma saída curiosa, inesperada. Há até um museu com réplicas de dinossauros (Museu Geológico da Bahia). Outro com réplicas para observar é o Museu Náutico da Bahia. 

Mas, se há necessidade de deixá-las em casa mesmo, pode-se providenciar algum roteiro improvisando atividades com eletrônicos (escolha com cuidado), brinquedos, jogos de tabuleiro, tv a cabo/ Netflix (vale olhar antes a oferta disponível apropriada para a idade), ida ao playground, receber um colega ou primo em casa ou até mesmo organizar uma festa do pijama. Se o pai ou a mãe (ou irmãos mais velhos) puderem participar e interagir com os pequenos, melhor ainda, pois aí pode-se incrementar com instrumentos musicais, teatrinho de marionetes e outras brincadeiras super lúdicas. Vale até empilhar cubos, brincar de carrinho (uma corrida bem colorida: tire os carrinhos das prateleiras!) ou com bonecas (chá da tarde), ler histórias de livros, rolinho com massinha, jogar bola, bolinha de sabão dentre outras. Ufa!!