sábado, 11 de novembro de 2017

Novembro Negro

Vamos abordar um pouco da africanidade, da cultura negra, neste mês dedicado e chamado de novembro negro. O movimento de afirmação identitária tem crescido forte de uns anos para cá. Hoje há mais visibilidade para a causa do movimento negro hoje do que ocorria duas dezenas (ou mais) de anos atrás. Quem é negro quer ampliar sua representatividade na sociedade, embora finalmente, os espaços estão crescendo - pouco a pouco - mesmo ainda com muita estrada para trilhar em busca de igualdade de direitos e de representação (garantida pela constituição) em todas as instâncias da sociedade. 
Peça infantil em cartaz em Salvador no mês de novembro




Nas telinhas e telonas, cresceu a participação de personagens negros em filmes, novelas, vídeos, shows, na literatura e no teatro também. Nas escolas já foi adotado um currículo que contemple a cultura negra não só na data em que se comemora a "libertação dos escravos", mas hoje com uma visão mais global das heranças africanas encontradas em muitos aspectos da nossa vida. Temos bonecas negras nas lojas de brinquedos, como já há programas culturais com histórias africanas contadas para crianças.Ações afirmativas em faculdades públicas.Tudo isso é um avanço.
Veja a seguir exemplos de livros com temática afro-brasileira.






              
Ainda uma outra tendência que tem crescido, é o posicionamento sobre o uso do cabelo crespo ao natural, abrindo mão do alisamento por processos químicos. Nesse sentido, fortalecendo o empoderamento da identidade negra, negando a imposição do alisamento como forma de "embranquecimento" (e, portanto, aceitação) assumindo seu papel como protagonista de sua história de matriz africana, abarcando sua ancestralidade com o fim de libertação e ressignificação social/cultural.    
                            
                                                                 

Mães estão usando seus cabelos crespos naturalmente ou como black power ou usando dreadlocks e ensinam seus filhos e filhas para sentirem-se à vontade com seus cabelos e sua cor, como uma maneira de se auto-conscientizar de suas raízes, com sentimento pleno de cidadania.
Já é realizada anualmente a "Marcha do Empoderamteno Crespo", passeata de mulheres negras que assumiram seus cabelos e vão às ruas reafirmar suas posições enfrentando o preconceito de frente.


Outro desafio, não menos difícil, é o enfrentamento do racismo dentro das escolas, que ainda sucede bastante, lamentavelmente. Os relatos são divulgados nas redes sociais, aparecem em manchetes policiais ou em entrevistas nos meios de comunicação, principalmente depois que o racismo virou crime ("a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível; sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei") desde 18989. Contudo, é lamentável constatar as informações e fatos relacionados ao racismo, de diversas formas, que ainda ocorrem.

Embora muitas escolas estejam preparadas para labutar com os casos, seja na esfera pública, seja na esfera privada, ambas as instituições de ensino têm ocorrências dessa parte absurda e imperdoável da humanidade, principalmente quando sabemos que foi praticado contra crianças, ainda em formação.  Apelidos, perseguição, ofensas, maus-tratos, exclusão, retaliação, são algumas das perversidades sofridas. Sofrem alunos, professores e pais em igual proporção, como também deveria sofrer também a sociedade. 


                                          
Na internet, na canal YouTube, centenas de vídeos de jovens, homens , mulheres e até crianças, dão números depoimentos sobre suas  trajetórias de auto-aceitação e auto-afirmação, a saída do estado de não-aceitação e auto-piedade por serem negros num mundo onde o branco impunha as regras sociais de conduta, regras estéticas. Contam o quanto isso os limitava, entristecia e os isolava, pelo simples fato de constatarem como a sociedade racista funcionava e o quanto este sentimentos cresciam quando sofriam algum tipo de abuso ou desprezo por racismo e/ou preconceito.
È insuportável perceber que o caminho para uma sociedade igualitária e justa ainda está longe. Essa chaga talvez ainda demore de ser extirpada do nosso meio, mas é importante constatar que aos poucos, vai se ampliando as conquistas no sentido do combate veemente às causas, e que as consequências têm sido penalizadas e se tornado mais visíveis.    



Conheça mais o assunto em: https://tvescola.mec.gov.br/tve/video/edicao-espcial-o-impacto-do-racismo-na-educacao  ;   http://blogueirasnegras.org/2013/05/23/racismo-na-infancia/ ;  https://www.geledes.org.br/negrinha-feia-alunos-protestam-contra-caso-de-racismo/ ; http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/racismo-uma-interpretacao-a-luz-da-constituicao-federal/5447





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